O projecto foi anunciado ao Jornal de Angola, durante o 5º Seminário da Indústria de Materiais de Construção, pelo director-geral da Nova Cimangola, Pedro Pinto, que destacou a operação como uma das alternativas que a companhia encontrou para reduzir os custos de produção e o preço do cimento no mercado nacional.
A fonte afirmou que a ideia projectada na Cimangola conta com o apoio institucional do Executivo e surge na sequência das constantes subidas do preço do cimento nas fábricas e nos mercados, deixando os clientes quase sem poder de compra para adquirir a principal matéria-prima da construção civil.
O preço do cimento em Angola, que de acordo com dados obtidos no mercado pela nossa reportagem, situava-se, sexta-feira, em 3 600 kwanzas (5,64 dólares) o saco de 50 quilos, já é, segundo Pedro Pinto, o mais baixo da região da SADC.
O director-geral da Nova Cimangola afirmou que o país tem potencial, mas não tem capacidade para produzir resíduos sólidos em quantidades suficientes para abastecer e fazer arrancar o projecto, estando essa capacidade disponível em países europeus, mas a cimenteira quer envolver empresas angolanas que produzem resíduos para elevar o potencial da operação.
A matéria que a Nova Cimangola se propõe utilizar é obtida de processos de triagem e compactação de resíduos domésticos, como óleos vegetais usados e restos de madeira, bem com da indústria, que podem ser pneus usados.
Vantagens do CDR. O uso dos CDR permitirá o aumento da produção e exportação do clinquer (cimento não moído), a preços competitivos no mercado internacional. Apesar de a procura estar muito tímida, a Nova Cimangola vai exportar 800 toneladas de clinquer para países da costa Ocidental africana e para o Brasil.
Com uma produção de 1,560 milhões de toneladas por ano, na qual emprega 70 milhões de dólares, a Nova Cimangola comercializou, em Junho, 200 mil toneladas de cimento, uma redução de 50 por cento face ao período homólogo de 2015. Esta redução, segundo o director-geral, deve-se ao abrandamento da economia e à contracção da procura pelo sector da Construção Civil, algo relacionado com a perda do poder de compra das famílias e à quase paralisação de grande parte dos projectos de obras públicas e privadas que absorvem a maior parte da oferta de cimento.
Com os seus dois grandes ramos de negócio, a venda de cimento e de clinquer, a Nova Cimangola está a funcionar no máximo da sua capacidade de produção, mantendo uma taxa de ocupação industrial situada acima dos 90 por cento, com que se torna na terceira maior empresa angolana de exportação da produção nacional.
Por este facto, a empresa está empenhada em obter uma certificação externa de uma entidade global reconhecida, para que possa exportar para o mercado internacional, incluindo os mais exigentes, segundo Pedro Pinto.
Dados disponíveis na nossa Redacção indicam que a cimenteira chegou a ser detida em 99,9 por cento por Isabel dos Santos, que tinha o falecido marido, Sindika Dokolo, na presidência do Conselho de Administração.
Em decorrência do processo de recuperação de activos do Estado, o Tribunal Provincial de Luanda decretou, em Dezembro de 2019, o arresto preventivo dos bens de Isabel dos Santos e Sindika Dokolo, passando-os posteriormente, para a esfera do Estado.
Actualmente, a Nova Cimangola está inserida numa lista de 195 empresas públicas em alienação, até 2022, no quadro do Programa de Privatizações (PROPRIV).