A constante subida de preços dos principais produtos que compõem a cesta básica, na província de Cabinda, está a obrigar as famílias a mudarem os hábitos alimentares.
O problema, de acordo com relatos de cidadãos, já se arrasta desde Dezembro do ano passado e a cada dia que passa, as famílias são surpreendidas, quando se deslocam aos supermercados com as alterações dos preços dos produtos, ao ponto de tirar o fôlego.
Ao longo dos últimos dias, constastamos pelos vários mercados informais e supermercados em Cabinda, assim como abordou dezenas de vários cidadãos que se mostram descontentes com a realidade actual e apelam às autoridades a criarem medidas para a inversão imediata da situação.
Só para ter a mínima ideia do cenário, este jornal apurou que uma garrafa de água mineral de 500 mililitros (500ml), que antes custava 200 kwanzas, agora está a ser comercializada nos mercados informais ao preço de 500 kwanzas, ao passo que nos supermercados varia entre 600 e 700 kwanzas.
O preço do litro de óleo vegetal, por exemplo, varia entre 3 mil e 3 700 kwanzas nos mercados informais e supermachos, ao passo que o quilograma de arroz subiu, de 950 a 1 200/1 400 kwanzas nos demais mercados.
O quilograma de açúcar, considerado um produto indispensável para o dia-a-dia das famílias, está a ser comercializado ao preço de 1 300 ou 1 500 kwanzas.
Quanto ao feijão, que é um dos alimentos mais consumidos em Cabinda, nos últimos dias, o preço disparou de 2 500 a 3 000 kwanzas. Uma situação praticamente insustentável.
A cidadã Jacira Silva, gerente de um supermercado na cidade de Cabinda, também mostrou desagrado pela subida vertiginosa dos produtos da cesta básica que se verifica nos demais mercados a nível de toda província.
Para a gerente comercial, essa situação de facto tem causado embaraços às famílias quando se deparam com preços nas bancadas dos supermercados. “honestamente os preços do óleo, feijão, massa, açúcar, estão exagerados”.
Julieta Filipe, vendedora do mercado do São Pedro, no município do Ngoio, lamentou a conjectura actual e entende que a vida está difícil tanto para quem vende como para quem compra, uma vez que, disse, os comerciantes também precisam de realizar compras.
Ou seja, Julieta Filipe revelou que a sua comida preferida é a Chicuanga com Kizaca, porém, a comerciante disse que tem encontrado sérias dificuldades porque, actualmente, uma Chicuanga que era vendida anteriormente ao preço de 300 kwanzas, hoje custa cerca de 1.400 kwanzas.
“Imagina só, meu filho, uma Chicuanga hoje estamos a comprar 1 400 a 1 500 kwanzas, isto está male” , lamentou.
Francisca Sungo é outra comerciante que se dedica à venda de peixe e coxa de frango, que para ela, não se justifica a forma assustadora como os preços são alterados em Cabinda.
De poucas palavras, a comerciantes colocou a questão nos seguintes termos não mais falou: “se as pessoas que trabalham não estão a aguentar com os preços, e aqueles que não trabalham”.
Sociólogo contactado pelo Jornal de Angola para analisar o efeito na estrutura das famílias entende que a alimentação acessível é um desafio para estabilidade e coesão das famílias.
De acordo com o sociólogo e docente universitário, João Chico, o impacto da subida dos preços está a levar as famílias a enfrentarem situações muito difíceis de suportar. “As famílias vão vivendo como podem”, disse.
Uma das soluções propostas pelo professor, face ao encerramento do terminal de Quimbumba no município do Soyo, é a aceitação do transporte de produtos a retalhos pela Sécil Marítima.
Apesar da crise de preços que a população passa, João Chico apelou às pessoas a terem calma, porque a solução para esses problemas poderá ter dias contados, tendo em atenção que a situação já é de domínio do governo.
Soluções à vista
A governadora da província de Cabinda, Suzana de Abreu, numa das ocasiões em que manteve um encontro com a sociedade civil, ao ser confrontado com a questão relativa à subidas dos preços, respondeu que a solução definitiva, poderá ocorrer com a conclusão do Terminal de Águas Profundas do Caio, que vai facilitar o escoamento do produto.
Conforme fez questão de realçar a governadora provincial, Suzana de Abreu, os navios vão sair dos países de produção directamente para a província de Cabinda e assim os produtos da cesta básica poderão ser vendidos com uma certa moderação.