"O "rating” de Angola reflecte o risco para o Governo relativo à sustentabilidade da dívida a médio prazo e à incerteza sobre as fontes de financiamento externo disponíveis em 2022 e 2023, já depois de o programa do Fundo Monetário Internacional terminar e o serviço da dívida externa aumentar significativamente em 2023", lê-se na nota divulgada hoje.
Na explicação da manutenção da opinião sobre a qualidade do crédito soberano de Angola, os analistas escrevem, ainda assim, que "a recente recuperação no preço global do petróleo vai sustentar uma melhoria na posição orçamental, o que, juntamente com as perspectivas de um aumento no crescimento do PIB e uma depreciação menor da taxa de câmbio, vai contribuir "para colocar a dívida pública numa trajectória descendente".
Dívida pública
A dívida pública face ao PIB já chegou ao máximo previsto, atingindo um rácio de 124% no final de 2020, devendo descer para menos de 100% no final deste ano, "parcialmente devido ao aumento do denominador, motivado pela subida dos preços do petróleo, mas ainda assim bem acima da média de 68% dos países classificados no nível B", diz a Fitch Ratings.
O Governo conseguiu fazer um "esforço significativo de consolidação orçamental nos últimos anos num contexto de redução da produção e dos preços petrolíferos", acrescentam, salientando que apesar do ajustamento, a economia continua "altamente dependente da receita petrolífera, cujos preços vão reverter os ganhos de 2021, e num contexto de manutenção da produção" de petróleo.
A Fitch Ratings prevê que a produção de petróleo, essencial para relançar a economia, caia para 1,18 milhões de barris diários este ano, face aos 1,27 do ano passado, mantendo negativo o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não petrolífero. "Prevemos que a produção suba para 1,2 milhões de barris por dia em 2022, mantendo-se nesse nível em 2023, mas isto depende do início da nova produção; se isto não acontecer a produção pode cair 10 a 15% ao ano", alertam.