"Essa presidência será de continuidade. Cabo Verde terminou agora a sua presidência e nós vamos pegar naquilo que, eventualmente, não tenha sido concluído, por razões óbvias, entre elas a da pandemia, e prosseguir", afirmou o embaixador Francisco Oliveira Encoge na sede da CPLP em Lisboa, onde apresentou as credenciais ao secretário-executivo da organização. O diplomata realçou que os "desafios hoje são novos", em função do momento que se vive actualmente, e acrescentou: "Vamos fazer diferente, sempre no quadro do consenso entre todos os Estados-membros". "Sabem que temos um programa com várias vertentes e a vertente fundamental refere-se a necessidade de, em conjunto com os demais Estados membros, trabalharmos no sentido de haver um novo objectivo, o da cooperação económica na CPLP", recordou, referindo-se à declaração final da cimeira de Chefes de Estado e de Governo da organização, que decorreu a 17 de Julho, em Luanda, e na qual Angola assumiu a presidência, de dois anos. Adiantou que "além deste objectivo, também nos três pilares tradicionais da organização, da concertação política e diplomática, da promoção e difusão da língua portuguesa e da cooperação, temos acções concretas a levar a cabo", mas preferiu não adiantar mais detalhes, remetendo as explicações para mais tarde. Quanto à prossecução do objectivo da cooperação económica, disse que irão começar o trabalho. Oliveira Encoge anunciou que o ministro angolano das Relações Exteriores vai visitar amanhã a organização e que, no mesmo dia, haverá a primeira reunião do Comité de Concertação Permanente da CPLP (reunião de embaixadores dos nove países), sob a presidência de Angola. Além disso, adiantou, "tudo indica que, no quadro deste novo exercício de consensos para a concertação do novo objectivo, está indicada uma reunião tripartida - Finanças, Economia e Comércio - para a segunda quinzena do mês de Novembro". Os titulares desses sectores "irão debruçar-se sobre vários aspectos (...) com o objectivo de consolidar esse novo pilar", especificou. Francisco Oliveira Encoge apresentou, ontem, as credenciais ao secretário-executivo da CPLP, o timorense Zacarias da Costa, que assumiu funções a 01 de Agosto. Angola, país que detém a presidência rotativa da CPLP, vai, assim, ter uma representação diplomática permanente junto da organização. Francisco Oliveira Encoge, que foi director do gabinete de Apoio à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) do Ministério das Relações Exteriores já esteve envolvido nas reuniões que antecederam a conferência de Chefes de Estado e de Governo da comunidade, que decorreu a 16 e 17 de Julho em Luanda. O diplomata angolano desempenhou, entre outros cargos, o de cônsul de Angola em São Paulo, no Brasil. Além de Angola, Timor-Leste também terá, novamente, uma representação diplomática permanente junto da CPLP, liderada pela embaixadora Marina Ribeiro Alkatiry, adiantou a fonte. A diplomata foi uma das residentes da Casa dos Timor em Lisboa durante a ocupação indonésia de Timor-Leste (1975-1999).