Os produtores de cereais da comuna da Cambândua, no município do Cuito, província do Bié, vão colher, até ao final deste mês, um total de 555 toneladas de arroz, num processo que deve atingir as 14.700 toneladas até ao final do ano.
A colheita de arroz produzido na Cambândua arrancou nesta sexta-feira, com a recolha das primeiras 75 toneladas da variedade "Irga 417”, que foi produzida numa área de 50 hectares pela Cooperativa de Camponeses da Fazenda Militar.
Outras 480 toneladas de arroz, da mesma referência, serão colhidas a partir de hoje, segunda-feira, pelos agricultores da Fazenda Xaparro, que em Dezembro do ano passado cultivaram uma área de 250 hectares para o plantio do cereal. Além da quantidade perspectivada, os produtores daquela unidade agrícola esperam colher outras 40 toneladas que vão servir como sementeira na próxima campanha agrícola, cujo início está agendado para o mês de Outubro.
Produção é satisfatória
O projecto, que tem o apoio directo do Governo Provincial do Bié, foi lançado no final de 2023 pelo governador Pereira Alfredo, que durante o acto oficial de abertura das colheitas se mostrou satisfeito com os níveis de produção alcançados pelas cooperativas produtoras de cereais da Cambândua.
"Estamos radiantes pelos resultados alcançados pelas cooperativas agrícolas da Cambândua, que se empenharam afincadamente na materialização de um projecto que beneficia não apenas a província do Bié, mas todo o processo da cadeia alimentar do país”, disse o governador. Pereira Alfredo, que também esteve na cerimónia de arranque da colheita das primeiras toneladas de arroz naquela localidade, reconheceu que os produtores na província do Bié estão a consolidar o repto lançado pelo Titular do Poder Executivo, João Lourenço, para uma cultura sustentável da produção de cereais em todo o país.
O governador do Bié afirmou, por outro lado, que os actuais níveis de produção de cereais, com realce para o arroz, colocam a província entre as três maiores produtoras a nível do país, contribuindo com uma quota significativa na cadeia de produção alimentar.
O governante aproveitou a ocasião para fazer a entrega de cinco máquinas de descasque de arroz aos produtores da localidade de Cambândua, deixando junto destes a promessa de continuar a trabalhar com os departamentos ministeriais que respondem pelas áreas Económica e Agrícola do Executivo no sentido de canalizarem apoio financeiro e meios modernos para melhorar o processo produtivo nas próximas safras.
Rentabilidade do agricultor
A implementação de novas técnicas de plantio e colheita permitiu aos agricultores melhorarem a qualidade do arroz.
Anteriormente, o quilograma do produto era vendido por menos de 200 kwanzas, mas hoje, fruto de novos investimentos, a mesma quantidade é vendida acima de 500 kwanzas.
O presidente da Cooperativa Agrícola de Cambândua, Tomé José, disse que as 46 famílias envolvidas no projecto de massificação da produção de arroz começam a obter retorno relativamente ao investimento realizado, ganhos que não conseguiram obter nas duas safras anteriores.
"No passado, enfrentámos grandes dificuldades no momento da colheita e do descasque. Melhorada esta vertente, a produção, fundamentalmente do arroz, já gera rendimento significativo para as famílias”, assegurou.
Tomé José revelou que a produção de arroz de Cambândua é integral, de referência "Irga 417”, que com a nova linha de financiamento a ser concedida pelo FADA, com valor inicial de 250 milhões de kwanzas, vai duplicar seguramente a produção de arroz na região da Cambândua.
Aposta no cereal
Com a excepção do Chinguar, os outros oito municípios que compõem a província do Bié são produtoras de arroz, perfazendo uma área total de 500 hectares.
O director do Gabinete Provincial da Agricultura no Bié, Felizardo Brito Capepula, disse que com aquela dimensão produtiva em hectares - que conta com a envolvência de 1.700 famílias camponesas -, o Governo local perspectiva, até ao final do ano, colher 14.700 toneladas de arroz.
Felizardo Brito Capepula assegurou que as perspectivas governamentais são facilmente alcançáveis, em função da força produtiva local, das condições climatéricas e dos incentivos que o sector da Agricultura tem recebido da parte do Executivo.
Produtores solicitam mais apoio
O presidente da Associação de Camponeses da Cambândua, Tomás José, aproveitou a presença na região do governador provincial do Bié, Pereira Alfredo, para apresentar algumas preocupações vividas pelos produtores locais.
Tomás José apontou a falta de uma máquina para dar celeridade ao processo de colheita e com a qualidade que se exige, já que os associados trabalham de forma manual, um processo que muitas vezes causa a diminuição da espessura do arroz. Falou também da falta de uma máquina de corte da plantação e para medir a humidade do arroz.
Em 2023, o Bié produziu cerca 9.500 toneladas de arroz, perspectivando para a presente safra colher 14.700 toneladas em todos os municípios produtores da província.