A presença, nesta quinta-feira , da Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, na cerimónia de investidura do Presidente da Mauritânia, Mohamed Ould El Ghazouani, demonstra as “boas relações entre os dois países e povos”, considerou, quarta-feira, em Nouakchott, o secretário de Estado para a Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas, Domingos Vieira Lopes.

Em declarações aos jornalistas, após ter saído de um encontro com a comunidade angolana residente na Mauritânia, maioritariamente feminina, o secretário de Estado disse que a presença de Esperança da Costa, em representação do Presidente João Lourenço, configura a vontade de Angola, em estreitar cada vez mais as relações com o Estado mauritano.

Domingos Vieira Lopes referiu que já existem consultas políticas e diplomáticas entre os dois países para definir e identificar as áreas prioritárias para a cooperação bilateral, de modo a torná-la cada vez mais sólida.

A breve estada da Vice-Presidente, em Nouakchott, frisou Domingos Vieira Lopes, vai permitir abordar com as autoridades locais aspectos relativos à necessidade do reforço das relações bilatwerais, tendo em conta o grande interesse que as autoridades mauritanas têm demonstrado.

Sem avançar detalhes, o secretário de Estado Domingos Vieira Lopes informou, ainda, que a Vice-Presidente da República, além de participar na cerimónia de investidura presidencial, tem na agenda um encontro com o Primeiro-Ministro da Mauritânia, Mohamed Ould Bilal.

De acordo, ainda, com o secretário de Estado para a Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas, os países africanos, em particular Angola, mais do que nunca, demonstram muito interesse em melhorar a cooperação entre os povos, visando ao desenvolvimento e o bem-estar social, económico e cultural.

Encontro com a comunidade

No final do dia de ontem, o secretário de Estado Domingos Vieira Lopes manteve um encontro com mulheres angolanas residentes em Nouakchott, capital da Mauritânia.

Durante o encontro, testemunhado pelo embaixador de Angola no Senegal, Adão Pinto, as 15 mulheres solicitaram ao Governo angolano a abertura, "com a máxima urgência possível”, de uma Embaixada na Mauritânia

. Além da solicitação para a abertura de uma missão diplomática ou consular, as angolanas residentes em Nouakchott, muitas delas há mais de 10 anos, apresentaram, também, algumas dificuldades de natureza jurídico-diplomático, com ênfase para a anulação do registo civil dos filhos nascidos em Angola, assim como a eliminação do sobrenome materno do novo registo.

No encontro, esteve também em abordagem a questão da falta de comunicação entre a Embaixada de Angola em Dakar (Senegal) e a comunidade angolana residente na Mauritânia, que, segundo a porta-voz do encontro, Joana Nganga, tem causado inúmeros transtornos.

"As mais de 240 mulheres, incluindo filhos, que vivem na Mauritânia passam por inúmeras dificuldades administrativas e sentem-se abandonadas por parte das autoridades, pelo facto de até agora não abrirem a Embaixada”, revelou.

Em nome das mulheres residentes na Mauritânia, Joana Nganga disse que existem várias preocupações que afectam a comunidade, nomeadamente a falta de acesso à documentação dos filhos nascidos em Angola, passaportes expirados, bem como a dificuldade em deslocar-se para o Senegal, onde podem regularizar a situação.

"Queremos que o Governo angolano e o mauritaniano dialoguem sobre a possibilidade de manter e aceitar os nomes atribuídos a partir da nossa terra”, apelou a porta-voz do encontro com o secretário de Estado para a Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas, sublinhando que as únicas dificuldades que vivem são as de ordem jurídico-diplomático.

Em relação à situação social, económica e cultural, Joana Nganga disse que, apesar das dificuldades que são universais, as famílias angolanas residentes na Mauritânia têm o suficiente para viver, incluindo o acesso à formação académica, emprego e empreendedorismo.

Embaixador de Angola

O embaixador de Angola no Senegal, Adão Pinto, presente no encontro, disse que as preocupações apresentadas foram reais e decorrem do Direito Internacional Privado, que nem sempre são fáceis de resolver.

Ainda assim, assegurou o diplomata angolano, todas as reclamações foram apontadas e vão merecer o devido tratamento pelos dois países, destacando a importância da presença da Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, que a partir de hoje participa na cerimónia de investidura do Presidente Mohamed Ould El Ghazouani.

Adão Pinto informou que em breve, uma equipa técnica da Embaixada angolana vai deslocar-se à Mauritânia, com o objectivo de registar o número exacto de angolanos, bem como avaliar as possibilidades de começar a dar resposta às situações evocadas no encontro.

Quanto à abertura da Embaixada na Mauritânia, o embaixador disse que está fora do seu alcance, enquanto diplomata, realçando que está na agenda diplomática do Governo angolano instalar uma representação, o mais breve possível.