De acordo com o presidente da Deloitte Angola, José Barata, a consolidação orçamental, a gestão da dívida e das Finanças Públicas são, neste momento, questões que deverão continuar a dominar as prioridades, por serem estes os indicadores em que se baseiam as agências de rating na atribuição da notação de crédito.
José Barata diz tratar-se de "notícia positiva e que traduz a primeira alteração de rating de Angola, desde 8 de Setembro de 2020".
"Neste contexto, o cumprimento das métricas definidas nesses modelos (em particular ao nível do saldo orçamental e da dívida pública) terá de continuar a ser uma prioridade pelo que o esforço de consolidação orçamental e de gestão da dívida e das Finanças Públicas deve manter-se", disse.
Impacto de evoluções
O líder de uma das três mais bem referenciadas auditoras no país entende que os factores relativos ao preço do petróleo e à taxa de câmbio continuam a ter um peso significativo nesta decisão de alteração de rating (como aliás tiveram em anteriores em sentido contrário). Pelo que, considera importante Angola se assegurar, no futuro, de outros factores mitigadores do impacto de evoluções futuras negativas dessas variáveis, sendo o mais relevante deles a diversificação da economia para sectores não petrolíferos.
"Esta alteração de rating induz uma melhor perspectiva ao nível da capacidade de financiamento e do (menor) custo do financiamento futuro de Angola. Não obstante, é importante salientar que 2 das 3 principais agências de rating continuam a classificar a notação de Angola na zona "CCC” pelo que este processo será gradual e a acção da Moody’s não alterará, de forma material, essa realidade no imediato", aponta.
Efeito nos Títulos
Por outro lado, José Barata entende também que os títulos de dívida já emitidos incorporam um nível de risco cuja percepção será melhorada com esta decisão. Conforme explica, os detentores de dívida poderão suscitar a análise da valorização destes títulos em carteira, ainda que seja um processo que envolve uma análise técnica mais detalhada e que tenderia a beneficiar do reforço da classificação da Moody’s por parte de outra agência de referência.
A título exemplificativo, aponta, esta situação é particularmente relevante para o sector bancário (detentor de uma parcela significativa da dívida pública nacional) na medida em que a perda média estimada para os títulos de dívida com classificação do grupo C (anterior classificação de Angola para a Moody’s) ascende 7,3 por cento.
Já em relação a perda média estimada para títulos com a classificação do grupo B (classificação actual de Angola para a Moody’s) ascende a 1,7 por cento da exposição total em carteira.