Aníbal de Melo
Aníbal de Melo foi filho de João Joaquim Melo e de Bernarda da Silva, nasceu na comuna de Camaxilo na província da Lunda-Norte à 25 de Setembro de 1917. Tinha como apelido “Camaxilo” ou “Urso”.
Estudou e trabalhou em Portugal e em Angola. Em 1954, casou-se com Maria Helena Lopes Guerra com quem teve dois filhos, designadamente João da Silva Melo e António José Silva Melo, este último já falecido. Entretanto, teve mais dois filhos sendo no total quatro.
Em Luanda, antes de ter o seu nome ligado a política, pertenceu à Associação dos Naturais de Angola (ANANGOLA) e a redacção do “Jornal Angola”, afecta à referida associação, depois foi redactor do Jornal “ABC” e mais tarde tornou-se jornalista do “O Comércio”.
A sua actividade política começou a ser visível a partir de 1958, ao apoiar a oposição dirigida por Humberto Delegado ao regime colonial.
Pelo facto de, em Maio e Junho de 1959, ter aparecido em distribuição clandestina um panfleto tido como “subversivo” denominado “Manifesto”, em que se dizia estar constituído a Frente Unida de Libertação de Angola (FULA), organização cívica de resistência activa contra o regime de Salazar, algumas pessoas foram presas e a organização desmantelada, Aníbal de Melo, apesar de não ser detido ficou sob vigilância da PIDE até Janeiro de 1961, altura em que furtivamente conseguiu transpor a fronteira para o lado do Congo Belga, apesar dos esforços para o capturar.
Era considerado pela PIDE, como um dos maiores agitadores em estreita ligação com o Cónego Manuel das Neves, Aníbal de Melo actuava nas zonas de Luanda, Caxito e Icolo e Bengo.
Aderiu ao MPLA a 27 de Dezembro de 1961. Em 1962 assumiu o cargo de Chefe do Departamento de Informação. Em Agosto de 1963 foi redactor e Chefe do órgão de Imprensa do MPLA “Unidade Africana”.
Em 1964, Aníbal de Melo e Deolinda Rodrigues foram responsáveis pelo programa Radiofónico do MPLA “Angola Combatente” que iniciou a 09 de Setembro na Emissora oficial da Rádio Brazzaville na República do Congo, então sede do MPLA.
Em Dezembro de 1964 foi nomeado pelo Comité, Director do MPLA representante desse Movimento de Libertação na Zâmbia, para naquele país, organizar e mobilizar os refugiados angolanos e criar novas fontes de apoio bem como facilitar a abertura da frente Leste, passando igualmente a ser o Coordenador do Comité de Acção de Lusaka.
De 03 à 6 de Outubro de 1965 participou na Delegação do MPLA chefiada pelo Presidente Agostinho Neto na II Conferência das Organizações das Colónias Portuguesas em Dar-Es-Salam.
Aníbal de Melo morreu a 17 de Novembro de 1975, com 58 anos de idade. No dia do seu funeral o tempo estava cinzento. Ameaças de chuvas. Mas nem por isso o povo entre mulheres, homens, FAPLAS, numerosas crianças e antigos companheiros de trincheira não deixaram de prestar a sua homenagem a Aníbal de Melo, até a sua última morada no Cemitério de Santana.