O secretário-geral do Sindicato de Jornalistas Angolanos (SJA), Teixeira Cândido, apelou nesta segunda-feira, no Centro de Imprensa Aníbal de Melo, em Luanda, aos jornalistas para apresentarem queixa à polícia face às intimidações que muitos sofrem na cobertura de julgamentos de casos mediáticos no país.
Teixeira Cândido fez este apelo numa conferência de imprensa, na sequência das ameaças proferidas por familiares e advogados dos réus do caso Conselho Nacional de Carregadores (CNC) em julgamento no Tribunal Supremo, acusados de desvio de avultadas somas em dinheiro.
Para o responsável, essas ameaças constituem uma obstrução ao exercício de liberdade de imprensa, consagrada na Constituição da República de Angola, tendo em conta que a missão do jornalista é informar com verdade.
“Se os familiares querem ameaçar, devem fazê-lo ao Ministério Público que acusou e não aos jornalistas que têm a missão de informar e não condenar”, ressaltou.
Acrescentou que, doravante, os jornalistas que forem intimidados devem apresentar queixa e não ficar inibidos, frisando que esses casos chegam ao conhecimento do sindicato por via dos próprios lesados e de outras fontes.
O julgamento, conhecido por "caso CNC", envolve o antigo ministro dos Transportes, Augusto Tomás, e mais quatro co-réus, antigos responsáveis da Direcção do CNC, entre 2007-2018.
Na quinta-feira passada, antes da abertura da 11ª sessão de audiência e discussão de julgamento, os familiares dirigiram-se aos jornalistas na sala de espera, proferindo ameaças pelo terceiro dia consecutivo.
Os ânimos só foram serenados graças à intervenção da porta-voz da sessão, Amor de Fátima, que solicitou calma aos profissionais da comunicação social e prometeu reforçar a segurança no local.
Durante a conferência de imprensa do SJA, foi feita uma homenagem à Luísa Rogério pela sua recente eleição para a Comissão Executiva da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ).
Na ocasião, a homenageada agradeceu o gesto, particularmente do Presidente da República, João Lourenço, que a felicitou, realçando que isso significa que o Chefe do Executivo está atento ao que se passa a nível da comunicação social.