A Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, constatou, nesta quinta-feira, o grau de execução do Parque de Ciência e Tecnologia de Luanda, local onde vai ser construído, em breve, o primeiro Laboratório de Farmacognosia (Centro de Botânica), ligado à investigação científica ou aplicada em plantas medicinais.
Esperança da Costa, que falava à imprensa depois de efectuar uma visita às Faculdades de Medicina, Economia e Ciências Naturais da Universidade Agostinho Neto (UAN), que terminou no Parque Tecnológico de Luanda, disse que a nova infra-estrutura surge da necessidade que o país tem de colmatar muitos dos constrangimentos vividos.
A título de exemplo, no que toca aos constrangimentos, Esperança da Costa especificou o período da Covid-19, as dificuldades de acesso a medicamentos, vacinas, e também da dificuldade, agora, com as restrições a nível da Organização Mundial da Saúde (OMS), que impõe grandes desafios aos Estados-membros.
Segundo Esperança da Costa, que se fazia acompanhar da secretária de Estado para Ciência, Tecnologia e Inovação, Alice Ceita e Almeida , e de outros membros do Governo, com a grande diversidade de espécies de plantas medicinais e do conhecimento que o povo tradicionalmente tem, com o laboratório se pode proceder à extracção dos principais activos para depois, de forma complementar, desenvolver a indústria farmacêutica no país.
“A maior parte dos fármacos existentes a nível mundial, é confirmado, cerca de 90 por cento têm na sua base extractos vegetais. É um grande desafio, mas vamos todos trabalhar para que de facto se torne realidade a produção de medicamentos no país”, sublinhou.
Sobre a construção do laboratório, a Vice-Presidente adiantou existir já um conjunto de medidas que tornam possível o desenvolvimento dessas pesquisas, através da regulação, destacando aqui a Lei de Investigações Biomédicas. “Tudo concorre para o funcionamento pleno do laboratório de plantas medicinais, ou seja, de farmacognosia, nos próximos tempos”, referiu.
Mais de cinco mil plantas para investigação
A coordenadora do Centro de Botânica da Universidade Agostinho Neto (UAN), Manuela Pedro, disse que o laboratório surge para validar o conhecimento etnobotânico e produzir fármacos.
Com o laboratório, segundo Manuela Pedro, vão passar da fase de inventariação para de experimentação.
“Quer dizer que vamos ter um laboratório, que podemos considerar como o primeiro em termos de investigação aplicada para essas plantas, para vermos a eficácia das mesmas no tratamento, questões relacionadas com a dosificação e então precisamos de uma componente científica”, esclareceu a coordenadora.
Adiantou que a infra-estrutura “de excelência” vai estar dotada de tecnologia de ponta, e que seja funcional para a realidade do país.
Segundo Manuela Pedro, existe um inventário a nível nacional de plantas medicinais, e que Angola, em termos de diversidade de espécies autóctones, tem mais de cinco mil espécies, sendo que estudos sobre isso vão ser feitos.
A coordenadora apontou estudos de plantas como capungu-pungu, folhas de moringa, e outras muito conhecidas, usadas muitas vezes para o tratamento do paludismo, infecções urinárias e outras doenças.