O Executivo angolano promete trabalhar para transformar a Empresa Peskwanza, dotando-a com infra-estruturas modernas, para liderar o sector das pescas ao nível da província, e no país em geral. A garantia foi dada pela ministra da Pescas e Recursos Marinhos, Carmen Sacramento Neto dos Santos no final de uma visita oficial de 12 horas que efectuou ao Cuanza-Sul, nesta segunda-feira.

A governante assegurou que a reestruturação da Peskwanza consta das prioridades do Executivo, a julgar "pela sua dimensão e o papel que jogou na economia nacional”.

Carmen dos Santos adiantou que a recuperação da Peskwanza. empresa criada em 1987 com o objectivo de capturar, transformar, conservar, congelar, produzir gelo e comercializar o pescado em grande escala, - hoje a funcionar muito abaixo das suas capacidades, por causa da degradação das infra-estruturas – consta das prioridades do Executivo. No dizer da governante, a revitalização da empresa deve passar por um conjunto de acções, ligadas .a reestruturação das infra-estruturas físicas, modernização dos equipamentos e ainda a requalificação dos recursos humanos, para que "possa dar respostas aos desafios actuais e futuros”..

A ministra sonha com uma Peskwanza "dotada de condições técnicas”, sem, no entanto, proferir quaisquer comentário sobre questões financeiras, Mas dá a entender que o caminho da Peskwanza passará pela privatização.

"Caberá ao Estado definir as modalidades da sua privatização”, lança. E acrescenta: "É por isso que viemos aqui constatar no terreno o estado em que se encontra a empresa”, continuou.

A Peskwanza já chegou a ser dona de 17 embarcações que inicialmente suportavam o projecto de captura de marisco, crustáceos e pescado, que rondava entre 150 e 250 toneladas, o que lhe valeu na altura o estatuto de uma das melhores em captura e comercialização de pescado do país,Só para exemplicar: por ano, só de marisco, a Peskwanza capturava cerca de 26 mil toneladas, sendo uma parte comercializada nos mercados do país e a restante exportada para a Europa.

Os oito barcos de pescado capturavam cada um deles entre 250 e 350 toneladas, num período de 11 meses.

A ministra das Pescas e Recursos Marinhos, que apresentava o Plano Estratégico do sector, ladeada pelo governador da província do Cuanza-Sul, Job Capapinha, anunciou que a implementação do programa governamental permitirá a província ganhar, em 2024, um Porto Pesqueiro, a ser construído na cidade de Porto-Amboim,

O momento serviu também para apresentar o Planapescas às autoridades locais e empresários ligados ao sector,

"O Planapescas é um instrumento que vai conferir outra visão ao sector das pecas, e contribuir para o desenvolvimento da economia do país”, disse.

Durante a sua visita ao Cuanza-Sul, a Ministra Carmen dos Santos constatou o funcionamento do Centro de Apoio á Pesca Artesanal, construído na localidade das Salinas, arredores da cidade do Sumbe, onde recebeu explicações sobre as dificuldades que enfrenta, sobretudo da avaria de grupos geradores, dificultando o processo de refrigeração nas duas câmaras frigoríficas.

Aposta na qualidade da gestão ambiental das empresas

Ao fazer o balanço da visita, a ministra da Pescas e Recursos Marinhos, Carmen Sacramento Neto dos Santos, manifestou-se preocupada com a realidade que as empresas ligadas ás pescas apresentam, do ponto de vista de gestão Ambiental, tendo defendido a necessidade de as mesmas pautarem por uma gestão de qualidade e "mais amiga do ambiente”, para que, sublinhou. "não comprometam o ecossistema marinho.” Temos de exigir os pescadores artesanais e industriais para preservarem o ambiente, como forma de fortalecer a produção dos recursos marinhos e garantir a sustentabilidade do sector” frisou.

Carmen Sacramento Neto dos Santos, tomou nota das preocupações dos trabalhadores da Peskwanza, sobre a sua situação salarial, tendo prometido a resolução do problema, em pról da liquidação dos salários em atraso, e consequentemente com as contribuições à Segurança Social.

O Governador do Cuanza-Sul, Job Capapinha, mostrou-se satisfeito pela forma como foi abordada a situação do sector das pescas, tendo realçado o posicionamento da província do Cuanza-Sul, quanto ás suas potencialidades piscatórias.

Um túnel de congelação de 150 toneladas

A ministra das Pescas radiografou, igualmente, as inoperantes quatro câmaras de conservação desta empresa (duas de 150 toneladas, uma de 250 toneladas e outra de 350 toneladas), um túnel de congelação de 150 toneladas e uma fábrica de gelo de 15 toneladas.

Na mesma senda, visitou ainda a danificada ponte-cais de 105 metros, construída em 1987 e com sete metros de calado (profundidade).

Na ocasião, o director-geral da Peskwanza, Orlando Lemos Bravo, destacou a necessidade da captação de investimentos para revitalização da empresa.

" Pensamos que reabilitando a ponte-cais e as câmaras de congelação, conservação, bem como a fábrica de gelo, a empresa (Peskwanza) obterá recursos para os cofres do Estado”, rematou.

A província do Cuanza-Sul tem uma orla marítima de 178 quilómetros, 80 quilómetros dos quais entre a Hogiua e Chicucula, no município do Porto Amboim, rica em pescado, crustáceo e moluscos.