Os Países Baixos têm disponível um total de 2,2 milhões de euros para financiar jovens empreendedores, sobretudo raparigas, nas províncias de Luanda, Huambo, Bié e Namibe, no âmbito do projecto de desenvolvimento do Corredor do Lobito.
A informação foi prestada, recentemente, ao Jornal de Angola, pelo embaixador dos Países Baixos, Tsjeard Hoekstra, à margem da digressão feita por uma delegação de diplomatas da União Europeia às províncias do Huambo e Bié.
De acordo com o diplomata, os Países Baixos criaram, no ano passado, um programa denominado “Orange Corners”, que tem por objectivo apoiar financeiramente os jovens que apresentarem ideias para o empreendedorismo, com maior ênfase no agro-negócio.
Tsjeard Hoekstra referiu que cada empreendedor pode receber de forma faseada até 50 mil euros, que vai permitir criar o próprio negócio, ter salário durante um período extenso, bem como encontrar parceiros comerciais a nível provincial, nacional ou em países vizinhos.
A implementação do projecto, frisou o diplomata, é fruto de um estudo feito em Angola, cujos resultados revelaram o interesse da juventude, especialmente das raparigas, em ter o seu próprio negócio, mas por falta de financiamento são impossibilitados de o concretizar.
O programa Orange Corners, ressaltou Tsjeard Hoekstra, é uma iniciativa global, apoiada pela Embaixada dos Países Baixos e está presente em 20 países, com o objectivo de financiar a criatividade empreendedora no seio da juventude.
No país, o programa Orange Corners é implementado em parceria com a Incubadora Acelera Angola, que disponibiliza um programa de treino e orientação para startups, incluindo acesso a financiamento para estimular a inovação, inclusão económica e empoderamento juvenil.
Abacate de Angola é “ouro verde”
O embaixador dos Países Baixos em Angola, Tsjeard Hoekstra, disse que o seu país encara de forma muito especial Angola e, por isso, está a focar-se no desenvolvimento da plataforma logística da Caála, província do Huambo.
Segundo Tsjeard Hoekstra, os Países Baixos são muito fortes na logística e também na agricultura, reconhecido internacionalmente, o que quer dizer que “temos conhecimentos, experiência e know-how para partilhar com Angola”.
Independentemente de existirem muitos recursos minerais na RDC e Zâmbia, frisou Tsjeard Hoekstra, os holandeses estão muito mais interessados no que vai acontecer (produzir) nas cinco províncias angolanas ao longo do Corredor do Lobito, com destaque para o Huambo e o Bié.
Quanto à produção de abacate, que em breve Angola vai exportar para os Países Baixos, o diplomata referiu que o seu país apoiou o projecto com um milhão de euros para incentivar a sua produção no Centro-Sul de Angola.
Segundo o embaixador dos Países Baixos, o abacate produzido em Angola, precisamente no Huambo e Bié, “é ouro verde”, razão pela qual o produto tem mercado na Europa durante todo o ano, olhando pela sua qualidade em comparação com os produzidos noutras partes do mundo.
Jovens agricultores pedem apoio técnico
Geremias Alfredo, agricultor de milho, feijão e tomate no município do Chinguar, manifestou o desejo de ver instaladas máquinas para a transformação do tomate, uma vez que grandes quantidades acabam por apodrecer por falta de escoamento e logística de conservação.
Segundo o jovem, a implementação do projecto do Corredor do Lobito é uma das grandes oportunidades para os produtores locais, olhando para o potencial que o mesmo vai proporcionar à economia local e nacional.