Semanas depois do início da terceira fase do Plano de Reordenamento do Comércio, vários pontos de Luanda têm apresentado melhorias significativas na mobilidade rodoviária e de transeuntes, em especial nos pontos antes considerados críticos, devido à venda desordenada em locais inapropriados.
A acomodação das vendedoras de rua para dentro dos mercados, com base numa ronda efectuada pela equipa de reportagem deste diário, está a ter também um impacto positivo na limpeza e no saneamento de vários pontos de Luanda.
No município de Belas, concretamente no distrito urbano do Benfica, com a terceira fase do Programa de Reordenamento do Comércio foi possível reduzir a venda ambulante no trajecto que liga a Via Expressa aos Ramiros.
Para a vendedora Joaquina de Oliveira, apesar de não haver muito espaço dentro do mercado, razão pela qual exercia a actividade na via pública, hoje a realidade é outra e está satisfeita com a iniciativa do GPL, apelando, por isso, às companheiras para aderirem ao projecto. "É preciso que todos ajudem a tornar a cidade mais organizada. Que todos os vendedores trabalhem nessa causa”.
Micael Didi, vendedor há mais de cinco anos, considera a iniciativa do GPL boa para as vendedoras, por ajudar a evitar muitos constrangimentos nas ruas de Luanda. "É de louvar a iniciativa, porque vender na rua é um perigo ao qual estamos sujeitos. Vender é no mercado, onde há condiçoes de segurança e higiénicas”.
Para Susana Francisco, a ideia do GPL de retirar as vendedoras das ruas é bem-vinda, apesar de temer que vendem pouco dentro do perímetro do mercado. "É bom as vendedoras estarem numa praça, por razões de segurança, mas muitos clientes estão acostumados a comprar os produtos na rua”, lamentou, além de aconselhar uma campanha massiva de sensibilização de forma a inverter o quadro.
A vendedora saudou a ideia do Governo Provincial de Luanda por ser benéfica para as vendedoras e apela às companheiras a aderirem. "A segurança deve estar acima de tudo. Dentro do mercado estamos isentas da exposição ao calor, ou às corridas regulares, atrás dos clientes”.
Olga Catenda, outra vendedora, também é das que acreditam estar mais segura dentro do mercado. "O espaço pode ser rentável, desde que as pessoas passem a recorrer ao mercado. Além disso, a organização é outra, ou a questão da higiene. Vender produtos num local asseado é bem diferente de o fazer na rua”, salientou.
Insólitos
Durante a ronda, ainda era notável algumas vendedoras a insistirem em permanecer na via pública, alegando falta de espaço dentro dos mercados. Nos municípios de Belas, Cazenga e Kilamba Kiaxi era visível a venda ambulante à beira da estrada e fora dos mercados, em determinados pontos. A insistência em vender na via pública, explicam algumas, deve-se à falta de espaço nesta zona, mas de acordo com os dados do GPL, alguns municípios têm espaços livres suficientes para albergar muitas das vendedoras.
O vendedor Pedro João afirma que o governo fez a escolha acertada, mas ainda continua a vender na rua por falta de espaço no mercado mais próximo. "No único local próximo de casa já não havia espaço. Tive de voltar a vender na rua, apesar de saber que é uma prática errada”, disse.
Vila do Gamek ao Golfe 2
No perímetro na Vila do Gamek em direcção ao Golfe 2 continua a haver venda ambulante à beira da estrada, principalmente no período nocturno, quando o controlo fica mais brando. Nesta altura, como constatou a reportagem do Jornal de Angola, regista-se um pico nesta zona. Cenário idêntico foi registado no bairro Palanca.
Pontos no Cazenga
No município do Cazenga constatou-se que algumas vendedoras insistem em permanecer nas ruas e fora do mercado. Com base nos dados do GPL, o município é dos que mais vagas tem, num total de 39.479 bancadas, espalhadas em 13 mercados.
Na via que dá acesso ao mercado do "Asa Branca” é visível a venda ambulante à beira da estrada, cenário idêntico é registado fora do mercado. Alguns vendedores alegam que dentro do mercado não conseguem vender os produtos. A procura é menor para eles.