Cerca de 80 crianças e adolescentes com o pé boto (malformação congénita), provenientes de várias províncias do país, começaram a ser submetidas, neste sabado, a cirurgias no Hospital Geral de Luanda.
As cirurgias, que terminam dia 10, no quadro de uma parceria entre a Fundação Ngana Zenza, Doutora Martha Namundjebo-Tilahum (Namíbia), o International Extremity Project (IEP) e a Chevron, abrangem problemas ortopédicos do pé boto, genu varum e outras enfermidades nos membros inferiores de crianças e jovens dos três meses aos 23 anos.
Os beneficiários são pessoas pré-seleccionadas das províncias de Luanda, Huambo, Benguela, Cuando Cubango, Cabinda, Bié, Huíla e Lunda-Norte.
A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, explicou que a campanha é assegurada por 92 profissionais nacionais, entre médicos e enfermeiros, que beneficiaram de conhecimentos sobre novos procedimentos e técnicas cirúrgicas ortopédicas.
"Preparamos a logística para trazer as famílias a Luanda, na sua maioria crianças vulneráveis. Por esse motivo, foram criadas todas as condições para a sua acomodação dentro e fora do hospital”, assegurou Sílvia Lutucuta.
A governante avançou que as cirurgias, a serem realizadas por médicos do International Extremity Project e ortopedistas angolanos, pretendem contribuir para reduzir as listas de espera dos diferentes hospitais de intervenções de grande complexidade ortopédica e permitir que os doentes, com critério de junta médica no exterior e que aguardavam por evacuações, sejam operados em Angola.
"A actividade, além de prestar assistência, tem uma vocação para o ensino muito forte”, disse, sublinhando que a equipa que chegou ontem a Luanda vai, igualmente, prestar apoio e formação ao Hospital Materno Infantil Doutor Azancot de Menezes, a partir de hoje.
O responsável do Intenational Extremity Project, Bruce Letnet, disse que a sua delegação está composta por 13 médicos, dentres os quais especialistas em cirurgia ortopédica pediátrica, cirurgia geral e neonatologia.
Bruce Letnet salientou que a experiência é bastante positiva naquilo que têm feito, indicando que parte dos trabalhos é publicada em jornais científicos e têm simplificado o processo de correcção das malformações congénitas.
"Parte deste projecto também tem a componente do ensino. Estivemos no Vietname a transmitir conhecimentos aos médicos locais no sentido de serem capazes de fazer esse tipo de cirurgia”, explicou.
O director-geral do Hospital de Luanda, Magalhães Sobrinho, disse que "esta campanha vai ser uma experiência positiva, visto que tem sido um tabu nas consultas diárias ambulatórias, em que aparecem casos do género e às vezes somos limitados devido à demanda”.
"Esta campanha veio num momento certo e vai ajudar a reduzir a carência de respostas para esses casos, uma vez que uma criança com esse problema sofre um certo estigma ou bulliyng”, disse Magalhães Sobrinho.O também especialista em ortopedia acrescentou que, com a correcção das deformidades, a criança pode correr, brincar e participar de actividades como jogar futebol.
A Fundação Ngana Zenza para o Desenvolvimento Comunitário (FDC), criada no dia 20 de Fevereiro de 2020, cuja instituidora é a Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, dirige a sua actuação para as comunidades rurais e para os grupos mais vulneráveis da sociedade, como crianças, idosos e pessoas com deficiência, em particular mulheres jovens.